Com as Eleições 2014 se
aproximando, começam as campanhas políticas e o apontamento de erros de seus
adversários. E ainda com a chegada de Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB)
na disputa pela presidência, Dilma Rousseff vira o alvo da mídia com a sua
possível reeleição. As principais emissoras de TV do país foram avaliadas e a
seguir nossas conclusões.
As quatro maiores redes
(Globo, SBT, Record e Bandeirantes) estão fazendo uma grande cobertura das
Eleições. A Globo utiliza dos problemas da Copa do Mundo e das manifestações
para desmoralizar o governo atual. Além disso, as reportagens com o candidato
Aécio Neves são mais detalhadas, utilizam mais falas do entrevistado e sempre
apresentam propostas para a resolução de problemas do país.
Exemplo:
Matéria 1: “Dilma
afirma evitar ‘espectros fantasmagóricos’ do passado”, da repórter Priscilla
Mendes. Sempre são utilizadas palavras de ataque:
“Ela criticou a oposição...”
“[...] atacou o governo
anterior que, segundo ela, ‘renegou’ os jovens.”
“[..] provocou a presidente.”
Matéria 2: “Aécio
diz que base do governo Dilma é ‘onerosa’ e que cortaria gastos”, do repórter
Estêvão Pires. A imagem de um candidato que tem soluções para os problemas do
país e críticas ao PT:
“[...] tornam a base do
governo Dilma ‘onerosa’.“
“Segundo Neves, seria
possível ainda cortar cargos comissionados. Ele defendeu a criação de uma
secretaria extraordinária para, em seis meses, elaborar um projeto de
simplificação tributária.”
"Precisamos lançar
alguém que recupere o Brasil e firme parceria que não seja ideológica.
Precisamos reposicionar o Brasil com as cadeias globais de produção e avançar
na qualificação de programas na área social", afirmou o pré-candidato.”
“Para Aécio Neves, o Partido
dos Trabalhadores não consegue fazer ‘debate sério’.”
“Ao longo dos últimos 15 anos, me especializei em
derrotar o PT, ganhando no primeiro turno todos os anos.”
Nas matérias da Record são bastante citadas o nome do
Partido dos Trabalhadores e grandes comentários de seus entrevistados ilustram
a matéria. A emissora tende a apoiar o partido e utiliza palavras de apoio.
Exemplo:
Matéria
1:
“Articulação de Lula barra dissidências”, sem autoria indicada. A matéria
apresenta apoio à candidatura de Dilma e ao partido. Além do uso de vários
entrevistados:
“Ações do ex-presidente possibilitou
recuperação de Dilma nas pesquisas”
“O líder do partido na
Câmara, Givaldo Carimbão (AL), afirma que hoje 98% da bancada é a favor da
candidatura de Dilma.”
“A estratégia do Planalto em abrir espaço no
governo para legendas que já estiveram no campo dos adversários também surtiu
efeito.”
— “Não tínhamos alternativa.
As candidaturas de Aécio e Eduardo são um voo no escuro. Afirma Benito Gama
[...]”
Matéria 2: “Pré-campanhas
expõem poder de fogo dos partidos”, também sem autoria definida:
“Líder nas pesquisas,
a presidente Dilma [...]”
“O ex-ministro Franklin
Martins, integrante da coordenação da pré-campanha diz que certamente a
presidente terá "uma estrutura muito mais leve [...]”
“O secretário nacional de
Comunicação petista, José Américo, explica que o PT tem uma estrutura maior do
que a dos outros partidos.”
“Tucanos que estiveram na
linha de frente das últimas três eleições presidenciais contam que nunca o
partido contou com um aparato tão profissional.”
O SBT mostrou-se mais imparcial
em relação às outras emissoras de TV. Com um tom mais neutro, os telejornais
tentam apresentar os prós e contras de cada candidato. Exemplo:
Matéria 1: “Pesquisa
IBOPE aponta reeleição de Dilma Rousseff no 1º turno”, de Kennedy Alencar,
Rachel Sheherazade. Mostram que os candidatos têm seus altos e baixos e as
reportagens tentam mostrar todos os lados das Eleições deste ano:
“Boa notícia para o PT...má
notícia para o PT”
“E para os dois principais
candidatos, que são o Aécio e o Eduardo Campos?”
“[...] fortalece o cenário
para de uma eleição presidencial em dois turnos.”
“Pro Campos, se ele não se
diferenciar do Tucano, o Campos vai ser vítima da tradicional polarização entre
o PT e o PSDB [...]
Matéria 2: “Pior
Avaliação do Governo Dilma” de Kennedy Alencar. Novamente a neutralidade:
“Apesar da presidente ter
caído, a oposição praticamente não subiu.”
“Não está fácil para a
oposição, não está fácil para a Dilma, não está fácil para ninguém.”
Na Bandeirantes, as matérias
seguem um estilo parecido com o do SBT. Aqui elas seguem neutras, aparentemente
sem ataques. Bastante entrevistas, mas sem ataques aos outros candidatos. Se
uma matéria se refere a Dilma, por exemplo, a matéria se edificará apenas
nisso, com algumas exceções.
Concluindo, a Globo continua
com a sua personalidade conservadora, duras críticas ao governo e exaltação dos
candidatos do PSDB. A Record segue ao outro extremo, sempre mostrando os pontos
fortes do partido com bastante elogios a candidata à presidência pelo PT. A
Band e o SBT seguiram caminhos parecidos, sem muitas críticas e sempre com
cautela em suas matérias. A cobertura do SBT em relação às outras é mais
tranquila e pequena. A Globo e Record focaram bastante nesta pauta. A Band fez
uma cobertura, por assim dizermos, normal.
Por Clara Brito, Dener Orleido, Hudson Portela e
Leonardo Farias.