O esquema de compra de votos de parlamentares que estourou no primeiro mandato do governo do então presidente da república Luís Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores), ficou conhecido como Mensalão. No início de Junho de 2005 o então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), escancarou o esquema em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. O deputado fez a denúncia antes que uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) fosse instalada para apurar o caso onde ele era acusado de envolvimento em processos de licitações fraudulentas, praticadas por funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), ligados ao PTB, partido do qual era o presidente. Os “mensaleiros” seriam do PL (Partido Liberal), PP (Partido Progressista), PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e do próprio PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Segundo Jefferson, esses parlamentares da base aliada do PT recebiam uma “mesada” de R$ 30 mil para votarem segundo as orientações do governo. Nomes como José Dirceu (Ministro da Casa Civil), Delúbio Soares (Tesoureiro do PT), Marcos Valério (Publicitário) e José Genoino (Presidente do PT), estavam envolvidos.
Quando o caso do Mensalão veio a público, foi destaque nas mídias brasileiras. Jornais, Revistas, Televisões, Rádios, Internet, etc. Todos os veículos de alguma forma noticiaram o escândalo. A revista Veja, em maio de 2005, com acesso exclusivo, divulgou um vídeo na qual o ex-chefe do DECAM/ECT (Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios), Maurício Marinho, solicitava e também recebia vantagem indevida para ilicitamente beneficiar um empresário. Na gravação, Marinho expôs com riqueza de detalhes, o esquema de corrupção de agentes públicos existente naquela empresa pública. A matéria foi publicada em 18 de maio de 2005, com a capa "O vídeo da corrupção em Brasília". A revista deu ampla cobertura ao caso, com destaques para suas matérias e chamadas, ao fato de o governo Lula estar em cheque, assim como seu partido (PT). O assunto ainda está em destaque, e o julgamento do mensalão ganhou uma página exclusiva em seu site, com todos os detalhes do escândalo. Algumas capas da Revista mostram o direcionamento que as matérias teriam: ‘A maior crise de Lula’ em 03/05/2005; ‘O PT Assombra o Planalto’ em 15/06/2005; ‘ Lula à Sombra da Crise’ em 06/07/2005; ‘ A Luta de Lula contra o Impeachment’ em 17/08/2005.
É perceptível que a cobertura da revista Veja de certa forma adotou uma postura bem tendenciosa em relação ao escândalo do Mensalão. Em suas capas e extensas matérias a publicação sempre expõe uma linha editorial que deixa explícito aos seus leitores seu posicionamento político em relação ao governo. E isso não é algo recente na história da revista semanal mais conhecida no Brasil. Outra publicação semanal de grande circulação, também tem adotado esse estilo editorial, caso da Revista Época. A Revista Isto É, por sua vez adota uma linha mais pró governo em suas apurações e a Revista Carta Capital dentre todas é a que tem apresentado uma imparcialidade mais visível em seu conteúdo.
Independente do estilo editorial adotado pela Veja, o que não podemos negar é a importância do jornalismo desenvolvido pela revista. Em alguns casos há exageros, erros que nunca foram corrigidos, mas também existe um serviço que é de extrema importância pra todos, que é o de se divulgar e levar informações pra uma sociedade que precisa aprender a assimilar, discutir e questionar de forma plausível aquilo que lhe é oferecido pelos meios de comunicação.
Aruanda Lustosa
Débora Viana
Marcos Araújo
Raphael de Araújo